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A mostrar mensagens de abril, 2015

Pior que a morte.

Esquizofrenia. A minha irmã perguntou-me o que era. Respondi-lhe uma espécie de verdade distorcida, para em mim não doer. "É algo que leva o teu ser e não to trás mais..." "Então é como a morte?!", questionou-me receosa. Acenei-lhe, tentando evitar dizer-lhe que era um pouco pior. Quando esta leva, sabes que não voltará, mas a esquizofrenia é algo mais. É tê-lo ali, tão perto e não lhe poder tocar ou sentir, porque já não é o mesmo. É um corpo sem alma, que só passeia a doença. Não está morto, não. Mas vivo também não está. Deambula sem destino. Não houve falar em ritmo, o compasso é abstracto. Não lhe falem de força que pensa logo que o achamos fraco. E foste apanhado por ela. Assim tão indefeso. Chegou um momento, em que ninguém sabe mais o que vês, muito menos o que sentes. Costumava conhecer-te, mas hoje, oh hoje. Deliras, com ideias falsas mas convicções absolutas. Que ninguém to negue nunca, porque sabes o que dizes, não é? Queria acalmar-te, resol...

O meu amigo imaginário era um avô.

Lembro-me perfeitamente dos dias em que sonhava com o nosso encontro num mundo real. Confesso que sempre fui uma sonhadora e que espera ansiosa pelo dia em que te iria encontrar. Era tão complicado para mim ouvir todas as minhas colegas da primária comentar o amor que sentiam pelo avô e eu não poder sequer opinar. Então diz-me porquê. Porque nunca surgiste? Eu não me importava com a tua maneira de tentares convencer-me a jogar futebol, sei que não era culpa tua, afinal ninguém teve a capacidade de te oferecer um neto crescido e presente, também não me importava dos inúmeros rabos de cavalo fracassados que tentavas fazer nos meus longos cabelos. Queria apenas uma presença. Queria apenas a tua presença. Perdoar-te-ia todos os erros que cometeste com a avó. Perdoar-te-ia o facto de te manteres ausente sem motivo. Queria apenas a tua presença. Uma presença que de tão presente pudesse fazer sentir-me confiante no futuro. Eu não sonhava com alguém a quem pudesse chamar de "avô". Eu...