São rumos, meu bem, apenas rumos. Não sei qual é o meu ou até que ponto ele coincide com os restantes dos corpos e almas à minha volta. Mas de que me serve planear a vida, se tudo se resume, inevitavelmente, aos rumos que seguimos? Aos rumos que temos destinados. Acredito em rumos como um pescador acredita que é preciso um dom para pescar. Acredito, sim, que é preciso um dom para viver. Porque tal como na pesca, tu és apenas uma linha transparente que é lançada à água na intenção de agarrar algo. Tens de agarrar algo da vida que te faça sentir útil. Pergunto-me até que ponto a nossa vida poderia mudar se não tivéssemos feito algo tão simples como ir ao supermercado naquela tarde cinzenta ou, por outro lado, não ter ido ao supermercado nessa mesma tarde. Poderia eventualmente surgir alguém que nos encantasse da forma mais bizarra. Então, de que serve os rumos se não temos controlo neles? Estão traçados. Chamam aos rumos "Destino". Eu chamo-lhe 'Futuro', seja lá o que for, mas será sempre Futuro, porque nunca saberás se aquele presente é algo traçado pelo destino ou um rumo que descontrolaste por não teres ido ao supermercado naquela tarde cinzenta.
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