27 # carta para a pessoa mais amigável que conheceste por apenas um dia


"Oh! É sal.", respondi com uma confiança que nunca fora a minha, ele riu baixinho e em movimentos microscópicos, assentiu com a cabeça confirmando a minha resposta certa. Não o voltei a ver e sinceramente, não peço que isso aconteça. Sei, pela boca de quem estava perto, que houve química, mas não o sinto como uma paixão momentânea, sinto-o como uma pessoa que naquela dia me fez bem. Apaixono-me diariamente por pessoas interessantes, são paixões platónicas e quase tão improváveis quanto a probabilidade de as voltar a ver, mas por razões detalhadas, elas fazem-me bem. Ele foi uma dessas pessoas, uma dessas paixões improváveis que só duram alguns segundos. Não me lembro dele sempre que vejo sal, nem tão pouco as muralhas daquele castelo. Espero um dia, mais tarde, voltar a passear pelas ruelas e talvez encontrar um rapaz que me faça lembrá-lo, pelas parecenças que o fazem ser ele mesmo, e nesse dia, contar-lhe que sabia de cor todas as outras especiarias que não provei. Sal. Sal pareceu-me aquela que mais nos distinguia e que em simultâneo nos semelhava. O sal tanto pode ser água como gelo. Nós tanto podemos ser desconhecidos como microscopicamente conhecidos.

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