A noção de felicidade está tão alterada que pessoas felizes dizem-se carentes de alegria. A felicidade é subtil, instantânea e vulgarmente representada por sorrisos ou gargalhadas. Mas o quê há para além de representações que podem ser simplesmente manuseadas? A felicidade é uma poesia que não precisa de rimar. Creio que o mundo precisa de pessoas que não olhem para a felicidade como sendo imensas coisas enormes, mas sim algo enorme constituído por centenas de pequenas coisas. Um pedaço de melancia, um gole de água fresca, uma música que arrepia. A felicidade é tão simples. Um abraço de quem nós não víamos há algum tempo, um carinho de um amigo, um beijo na testa enquanto as lágrimas rolavam. É cheiro de café passado, o susto que passa logo, a lambidela do cão no nosso nariz e o perfume de uma flor. A felicidade é serena. Uma ferida que sara, a calça que finalmente serve, a tão desejada voz do outro lado do telefone. Um filho que aprende a dizer mãe, a receita que funciona, o olhar que se encontra. A felicidade é notória. Olhos que sorriem, vozes que cantam alto, corpos que dançam na rua.
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